Bogotá: O perigo é você querer ficar - Parte 1.

Esse foi um dos slogans utilizados pelo governo do país para estimular o turismo neste lindo país que ainda é vítima de tanto preconceito.

Já tinha feito muitas conexões na cidade, mas nunca com tempo para dar uma saidinha e conhece-la melhor. Mas felizmente essa hora chegou.

Posso dizer pra vocês que hoje em dia ir a Bogotá é muito melhor do que ir a Buenos Aires. A cidade é realmente maravilhosa e lhe oferece excelentes opções de entretenimento, contato com a natureza, compras e gastronomia. 

Perca o preconceito e faça uma visita.

Primeiras impressões

A cidade é extremamente agradável. Situada a 2.640 m de altitude, o clima é bastante convidativo. Nada de muito calor durante o dia e à noite um friozinho agradável. Os dois dias que ficamos por lá pegamos uma quantidade razoável de chuva, e isso não é infrequente pelo que nos disseram. Uma parte da explicação é que a cidade é um vale cercado por cordilheiras, o que contribui para um índice pluviométrico alto durante todo o ano. Isso pode atrapalhar um pouco a sua programação, como aconteceu conosco, mas nada que deixe o seu dia inútil.

O fato de ser a 3ª capital mais alta do mundo pode lhe trazer um pouco do mal das alturas (dor de cabeça, náuseas, fadiga extrema...) e que pode durar alguns dias. Felizmente, assim como em Quito, sentimos muito pouco a diferença de altitude, só um pouco de cansaço aos esforços maiores. Se você é muito sensível a estas mudanças, procure se prevenir levando alguns medicamentos ou se informando com os moradores locais como resolver (na Bolívia tem o chá de coca, mas lá não vi nada parecido).

É impressionante ver como a cidade cresce rápido. A sua expansão já envolve as áreas mais altas das cordilheiras (considerados os bairros mais chiques e caros. Refúgio dos mais ricos). Assim como outras cidades do mundo, poucas ruas tem algum nome próprio, e são divididas em números de avenidas e transversais (o que facilita muito a locomoção, diga-se de passagem). Pra você ter uma ideia do crescimento, em poucos anos a cidade que tinha pouco mais de 120 ruas, hoje já alcança mais de 250! São várias regiões novas. Mas com o grande desenvolvimento e expansão, vem também os grandes problemas. O trânsito e a explosão populacional, por exemplo. Porém não vimos muita miséria ou violência, como em nosso país.

Os preços da cidade, são mais baratos que no Brasil, mas nada que seja uma barbada. Principalmente se você ficar na zona mais turística. Mais uma vez os hotéis tem um preço um pouco salgado, mas os Hostels se multiplicam pela cidade. Os taxis são muito baratos e devem ser usados e abusados. Uma coisa interessante é que uma das principais atividades econômicas da cidade é a produção e exportação de flores! Interessante, não é?! Pudemos comprovar isso nas inúmeras e imensas estufas dedicadas a esta atividade.

Se você quer dispor de conforto e de todas as facilidades ao seu redor, fazendo tudo a pé, o melhor lugar para se hospedar é na zona rosa (não, não tem nada a ver com um bairro gay). Lá você terá inúmeras opções para comer, lá estão 3 dos maiores shoppings da cidade, lá você tem excelentes hotéis e poderá ver a galera jovem e descolada da cidade.

As pessoas são extremamente simpáticas e prestativas, as ruas limpas e a sensação de segurança é grande. A polícia e o exército podem ser vistos em TODOS os lugares. Nos prédios públicos e museus tem sempre uma revista básica antes de entrar, mas nada agressivo ou constrangedor. Realmente nos sentimos muito seguros, inclusive à noite, onde caminhávamos sem problemas. A língua também é bem compreensível e eles fazem questão de se fazer entender, falando devagar, e entender o nosso tosco portunhol.

Enfim, as primeiras impressões não podiam ter sido melhores. Vamos aos detalhes então.

Aeroporto e imigração

Bom. Acho que boa parte das informações sobre o aeroporto de Bogotá eu já falei no primeiro post de San Andrés, mas algumas informações sobre a volta são necessárias.

Chegando de San Andrés o voo e o desembarque foram tranquilos. Como você descerá no terminal doméstico improvisado, terá de caminhar todo o caminho de volta ao terminal novo para pegar o taxi.

Existe um imposto que deve ser pago em um guichê do aeroporto antes de voltar ao Brasil, mas ele só é obrigatório para os colombianos ou para turistas que ficaram mais de 60 dias no país. Mesmo estando isento de pagar a taxa, você tem que passar no local para ter o seu passaporte carimbado e receber um papel que deverá ser entregue a companhia aérea na hora do check in. Só assim você terá o seu cartão de embarque liberado. Sugiro que você faça isso antes de entrar na fila do check in, senão você fará toda a burocracia na companhia aérea, mas terá de ir lá e depois voltar para pegar o cartão de embarque. Sugiro também que faça o check in pela internet e imprima o cartão nas máquinas automáticas disponíveis, ou deixe pra fazer nas mesmas já no aeroporto. Isso diminui muito a burocracia e permite a você escolher os assentos.

Terminal de embarque do novo El Dorado

O local onde voce deve "pagar" a taxa (a mulher é só pra disfarçar a foto)

Fora isso não existem outras grandes burocracias para a saída. Após o Rx você passará por uma pequena revista pessoal e terá uma grande área de Duty Free para saciar toda a loucura consumista da sua mulher (e a sua também que eu sei...). Mas fique atento aos monitores, pois quase sempre existe mudança do portão de embarque. Não vá perder o seu voo!

Pelo que pude ver também, não existem muitas opções de alimentação na área de check in. Então não perca muito tempo e vá logo para a área de embarque. Lá você terá mais opções.

O voo de volta foi no mesmo estilo da ida, sem muitas opções de entretenimento, comida comível, poltrona básica... Mas como o voo foi as 5:30 h e tivemos de acordar às 2:00 h, então desta vez nós 2 dormimos 99,9% do tempo, pois ainda tínhamos 4 horas de conexão para só então chegar a Salvador, para, após 1 noite de pausa, finalmente voltarmos a nossa casinha.

Saindo do aeroporto

Também não vou entrar em maiores detalhes, pois já falei tudo no primeiro post sobre San Andrés (deixa de preguiça e vai lá ler).

Um detalhe curioso apenas. Sabe quanto é pra conseguir uma licença de taxi lá?!! Cerca de R$ 60.000,00!!! Isso pra você colocar um carro tipo um celta! Se for um tipo um Siena esse preço sobe mais ainda! Um absurdo não é?! Os carros lá são muito caros e a licença também. Um Celta básico custa cerca de R$ 35.000,00. Por isso que os taxis estão caindo aos pedaços. São carros muito velhos e desconfortáveis, mas pelo preço... Pra dar uma idéia: em Salvador gastaríamos uns R$ 85,00 para percorrer o mesmo trajeto que lá pagamos R$ 25,00.

Hospedagem

Como eu falei no início, a melhor área para se hospedar é na zona Rosa. Muito estilosa, tem tudo o que você precisa ao alcance de poucos passos. Ela está localizada entre as ruas 79 e 85, e entre as avenidas 11 e 15. Dentro da zona Rosa existe ainda a zona T, que nada mais é uma rua em formato da letra T, onde não circulam carros, repleta de restaurantes e bares super legais. Então não tenha dúvidas de ficar lá, ou próximo pelo menos.

Os hotéis da redondeza são caros, mas como eu sempre digo: garimpando pode-se achar boas barbadas. Nunca esqueça destes nomes: Booking e TripAdvisor. Com estas duas ferramentas você nunca vai ficar hospedado em um lugar ruim (a não ser que queira!).

Buscando a melhor relação custo X efetividade, optei pelo GHL Hamilton Court (www.hotelghlhamilton.com). Modéstias a parte, excelente escolha. O hotel é muito bom e extremamente bem localizado. A diária inclui o café da manhã e internet free. Não há piscina ou academia, mas você usa isso quando está viajando?! Nossa boa impressão começou na chegada. A amabilidade dos funcionários é notável. Desde o segurança da portaria até o pessoal da recepção, todos muito gentis e solícitos. Cometi um erro na reserva pelo site quando escolhi um quarto duplo ao invés de um casal. Fomos alocados no duplo, porém, poucas horas depois estávamos sendo mudados para o de casal sem nenhum problema e com a maior boa vontade. O quarto é super amplo, com uma cama grande e confortável, e um banheiro grande e com uma ducha bem relaxante. Como estávamos em uma região infestada de bons restaurantes, só fizemos o café da manhã de refeição lá. Não é um primor de opções, mas as opções básicas estão lá e tem outras coisas muito saborosas. Agora, se o quarto e os funcionários já são ótimos, o que falar da localização... Espetacular é a palavra. Estávamos ao lado de 3 shoppings: O Andino, o El Retiro e o Atlantis Plaza. Já tá bom pra você?! Que nada! Ainda estávamos a poucos passos do mais badalado e louco restaurante (se é que se pode chamar assim) da cidade: O Andres Carne de Res. O hotel vale cada centavo e a região é super segura e agradável. É verdade que o trânsito tem horas que fica meio complicado ali na frente, mas ficamos no segundo andar e o barulho incomodava muito pouco, pois as janelas tem bom isolamento. Pena que não tem vista pra nada, mas com minha esposinha do lado pra olhar, quem quer saber de vista (ganhei uns pontinhos com esta hein amorzinho!)!!!

O quarto

O banheiro

Como se locomover

Apesar de ser relativamente fácil para se localizar com o sistema numérico das ruas e avenidas, o trânsito da cidade é extremamente complicado. De fazer inveja a qualquer São Paulo da vida. Na hora do rush tem que ter paciência. Se chover então... Desesperador. Existem algumas grandes avenidas, como as marginais paulistas, mas não dão vazão ao fluxo pesado das ruas secundárias. As condições das vias em alguns locais também deixa muito a desejar.

A gasolina é venezuelana e custa cerca de R$ 1,50 o litro (lá é vendida em galões), mas, por todos esses motivos que citei, alugar um carro pode ser desencorajador. Ainda tem o fato de ser difícil encontrar estacionamento.

Não vimos metrô por lá, mas há um sistema de ônibus chamado de Transmilênio, que utilizou o mesmo modelo que existe em Curitiba. Os ônibus, geralmente articulados, circulam em vias exclusivas e param em estações determinadas, como se fossem salas de espera. Não sei como é feito o pagamento, pois não utilizei, mas no site (www.transmilenio.gov.co) você tem maiores detalhes. O que deu pra ver é que eles são superlotados na maior parte do tempo.

Os táxis são muito baratos se comparados com os valores daqui. Como eu citei, numa viagem do aeroporto até o nosso hotel (cerca de 18 Km), gastamos aproximadamente R$ 25,00. Não se preocupe com dúvidas se você vai ou não achar um táxi no local onde você estiver ou no horário que você sair da balada. Lá tem mais de 7.000 táxis. Você vai ver tanto carro amarelo na rua que vai achar que metade da população trabalha como taxista. Então esta pode ser uma boa forma de se locomover até os pontos de interesse. Como lá tudo é na base dos cinco dígitos (eles não cortaram os zeros da moeda como nós), os taxímetros contém unidades que devem ser convertidas no valor final da corrida conforme uma tabela que está disponível ao usuário. Atenção a isso. Se você não tiver acesso a esta tabela, desconfie do táxi. Um pequeno inconveniente do serviço é o fato dos carros serem bastante antigos e mal conservados (como eu falei antes, o carro lá é muito caro), mas nada que comprometa o benefício do custo.

Mesmo com todo este caos no trânsito, não vimos muitas motos, mas o pessoal falou que o número vem crescendo exponencialmente. Talvez o ritmo ainda esteja pequeno devido o alto índice pluviométrico anual da cidade.

Estas dificuldades reforçam ainda mais o fato de você ficar bem localizado para poder utilizar os seus pés para fazer a maior parte dos trajetos.

Uma opção legal são os passeios turísticos com guia. Eles já conhecem os caminhos, já sabem onde estacionar... Enfim, você não tem dor de cabeça de que linha de ônibus vai pegar, de quanto a corrida do taxi vai dar, de onde vai estacionar o seu carro alugado... Seu tempo será muito mais proveitoso e o valor pode ser muito menor do que você imagina (mas vou detalhar isso um pouco mais à frente).

Onde comer

Acho que não tem muito o que questionar em relação a isto. A Zona Rosa com a sua Zona T é a melhor opção. Lá você encontra uma diversidade incrível de opções de comida e entretenimento em um pequeno espaço. É possível fazer tudo a pé. Antes de ir fiz uma pesquisa dos melhores lugares e chegamos a conclusão que 2 seriam imperdíveis.

Andres Carne de Res (www.andrescarnederes.com) – De todas as pesquisas e blogs que lemos, este lugar ganhava como o mais imperdível, de longe. Uma unanimidade. Verdade seja dita: é um dos lugares mais agradavelmente loucos que já tive a oportunidade de ir. MUITOOOO LEGALLLL. Não se acha um local como este em qualquer lugar. Poderia ser considerado até uma atração turística imperdível. E olhe que esta é só a filial da casa principal, que fica na cidade de Chia, próxima a Bogotá.

Fomos em uma sexta-feira e o local estava simplesmente LOTADO. Isso às 20 horas!!! Como não tínhamos reservas, penamos um pouco em um balcão na frente da cozinha, mas nada que diminuísse a nossa animação. Levamos um 40 minutos para conseguir uma mesa, então procure fazer a sua reserva pelo site.

É difícil descrever os detalhes do ambiente, mas basicamente são 4 andares que recebem os nomes de Inferno, Terra, Purgatório e Céu. A decoração é extremamente minimalista e com objetos extremamente peculiares espalhados por todos os lugares. As mesas não tem número, mas sim nomes (nós ficamos em uma chamada castigo, pode!!!). Como se já não bastasse a fantástica decoração da casa, ainda ocorriam pequenas performances de artistas o tempo todo: eram pequenas bandas tocando música nas mesas, uma caçadora, uma presidiária, fantoches... Super legal. Tinha também a distribuição de brindes para guardar de recordação. Cada garçom tinha seu nome pregado nas costas e o atendimento era bem atencioso e presente (devia ter uns 60 lá). O cardápio parece mais um exemplar de enciclopédia, vem como se fosse uma revista e a quantidade de opções é impublicável. Não consegui chegar nem na metade. Só deu pra escolher o cerviche e deixar a cargo do garçom o prato principal. Ele trouxe uma tábua com vários tipos de carne, realmente muito saborosa. O preço?!! Isso é o que menos importa, mas é muito mais barato que muito lugar muito menos legal nas nossas capitais. Nós gastamos cerca de R$ 180,00 e valeu cada centavinho.

A cozinha

A decoração

Performances

Mesas

Os Cerviches

Prato principal

Uma Club Colombia para acompanhar

A rainha do lugar

La Brasserie – Esta foi a nossa segunda escolha também não poderia ter sido melhor. Bem conceituado, este já é um local bem mais formal que o Andres, mas fui de tênis, jeans e casaco e não me olharam da cabeça aos pés não. Também não tinha reserva, porém conseguiram uma mesa prontamente para nós. A decoração bem intimista, com música instrumental em baixo volume, dava o toque romântico. O cardápio também tem opção para todos os gostos. Começamos com um Escargot (chique no último!) de entrada, seguido de um pato ao molho de laranja para mim e um prato de camarões para minha digníssima, e terminando com uma trota de Nutella. Tudo regado a meia garrafa de vinho tinto. Gastamos a barbada de R$ 200,00. Preço que considerei baixo perante a qualidade da comida e do serviço. Muito bom.

O ambiente

Escargots

Pato

Camarões

Torta Nutella

Mi Sushi – Localizado no Atlantis Plaza, nós fomos parar lá para um almoço em um dia de muita chuva, pois era a opção abrigada mais próxima e estávamos sedentos por uma comidinha japonesa. A comida era razoável, mas deu pra matar a vontade.

Estas foram as nossas opções para os 2 dias que tivemos na cidade, mas como estas que descrevi existem várias e várias outras opções. Desde a maléfica fast food até restaurantes de alta gastronomia. Todos convivendo harmoniosamente lado a lado. Procure o tipo de comida que mais lhe agrada e cheque pelas qualificações no TripAdvisor. Não tem erro.