sábado, 17 de agosto de 2013

Guia definitivo para montar sua viagem – Dinheiro e planejamento financeiro


Se você gosta de viajar como eu gosto, então a primeira coisa a fazer é se planejar.

Se você é rico, então pare de ler agora para não se chocar com essas frivolidades dos pobres mortais.

Agora se você é classe “merdia” como eu, economia é a palavra de ordem nesse momento.

Seja disciplinado e abra uma conta ou um investimento onde mensalmente possa colocar um pouco das suas economias destinadas a viagens.

As vantagens desse tipo de rotina são muitas, mas a principal talvez seja o fato de não fazer dívidas sem ter como pagá-las. Ainda tem o fato de que, tendo o dinheiro em mãos, é possível negociar tarifas diferenciadas, descontos e outras vantagens que só o pagamento à vista podem trazer.

O fato de viajar sem preocupações já deveria ser argumento suficiente para você fazer o que estou lhe dizendo.

Eu sei que é extremamente difícil economizar alguma coisa hoje, mas se você não se disciplinar e começar a fazê-lo, jamais conseguirá.

Não estou pedindo para você economizar R$ 1.000 todo o mês. Que sejam R$ 100 apenas! O importante é começar. Quando chegar a hora da viagem desejada você verá a diferença que esse dinheirinho guardado pode fazer.

Agora se você economizou seu dinheirinho suado e não conseguiu nenhuma vantagem para pagar à vista, divida no máximo de vezes que lhe for permitido. Afinal o seu dinheiro já estará todo reservado e pode render uns juros durante os meses em que estará pagando as prestações.

Não sou nenhum economista. Pelo contrário, minha especialidade é queimar dinheiro. Mas o ideal é que você procure aplicar esse dinheiro em um um tipo de investimento que lhe dê retorno diário, ou no mínimo mensal, e que tenha uma boa liquidez, ou seja possa ser sacado assim que você precise dele. Se você tem perfil arrojado e manja do negócio, apesar da bolsa de valores estar meio instável, aplicar em ações ou fundo de ações é a melhor opção. Mas se você não tem a manha ou quer segurança prefira o CDB, fundos de renda fixa ou a boa e velha poupança. Uma boa pesquisa e uma dose de coragem podem fazer o seu dinheirinho se multiplicar e tornar sua viagem bem melhor.

Atrelar a sua viagem ao seu momento orçamentário tembém faz parte do planejamento financeiro. Não adianta você querer ir ao Tahiti se só tem grana pra ir pra casa de sua vó no interior! Adeque seu destino e opções de hospedagem/passeio de forma que não faça dívidas que não possa pagar. O ideal mesmo é até deixar uma sobra para as dívidas pós-viagem ou já para começar a planejar a próxima.

Ainda como parte do planejamento financeiro é importante que você sempre esteja comprando dólares ou euros, seja em espécie ou como carga em um cartão pré-pago (vamos ver o que é isso mais a frente). Nestas épocas de muita oscilação, isso é ainda mais importante. Se você acha que a cotação está muito ruim, não compre todo o valor de uma vez, mas não deixe para a última hora, pois o valor poderá estar pior ainda e o seu prejuízo ser muito maior. Até 1 ano atrás eu ainda tinha dólares guardados que havia comprado com a cotação de R$ 1,56! Isso é para você ter uma idéia do quanto é importante ir comprando e guardando.

Pronto. Já pagou a viagem toda e sobrou um dinheirinho para esbanjar?! Falta adquirir a moeda do destino da viagem.

Incialmente vamos ver as formas que temos disponíveis para fazer isso hoje em dia.

1-      Dinheiro em espécie – Como o nome diz, é comprar a moeda antes de ir ou já no destino em alguma casa de câmbio. Essa talvez seja a pior forma de negócio, pois está sujeita a muita flutuação e cobrança do maior ágio. Isso sem falar que, muito dificilmente, você consegue adquirir outras moedas no brasil que não o dólar, euro ou libra. Sendo assim você terá de fazer uma dupla conversão, o que vai trazer ainda maiores prejuízos.
Alguns países exigem uma comprovação de que você terá condições de se manter no destino pelo tempo que pleiteou a entrada. Os cartões podem ajudar, mas muitas vezes a presença do dinheiro é o mais valorizado, portanto verifique se esse é o caso do seu destino e não deixe de andar sem uma quantia mínima de dinheiro em espécie.
2-      Traveller Checks – Forma que vem caindo progressivamente em desuso, mas uma das mais seguras ainda disponíveis. São simplismente cheques de viagem que podem ser utilizados diretamente como forma de pagamento (em hotéis, por exemplo) ou trocados por dinheiro. São seguros pois permitem a possibilidade de reembolso em caso de perda ou roubo, mas para isso é preciso que você tenha a numeração de cada um deles. Também tem a vantagem de poderem ser trocados sem cobrança de taxas adcionais, mas não é todo o lugar que faz essa troca, geralmente tem de ser feita na mesma instituição ou afiliadas. Sem prazo de validade, podem ser guardados e utilizados quando você quiser.
3-      Compras ou saques com cartão de crédito – Antes de tudo é preciso que ele seja internacional (tem algum que ainda não é?!) e que você tenha informado ao emissor do cartão sobre a sua viagem, caso contrário ou ele não funcionará ou será bloqueado na primeira compra. Então não esqueça de ligar ou preencher formulários online informando sobre a sua viagem.
Forma extremamente simples de carregar um alto poder de compra (dependendo do seu limite, é claro!), o cartão esconde algumas armadilhas. A primeira é que não existe uma cotação padronizada. Cada operador utliza uma cotação diferente entre os valores do dólar comercial e turismo, tornando difícil de prever assim o valor final da sua compra. Isso sem falar que a cotação utilizada para a conversão final não será nem a do dia da compra, nem a do dia do fechamento da fatura. O valor final será o da cotação no dia em que você pagar a mesma. Sendo assim, se no dia do pagamento o dólar estiver mais barato do que no dia do fechamento da fatura, você receberá o crédito na fatura seguinte. Agora se o contrário acontecer, pode se preparar para pagar uma diferença na próxima fatura.
Cada compra que fizer ainda será acrescida da cobrança de 6,38% referente ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Então se fizer uma compra de US$ 100, pagará US$ 106,38 ao final.
Se a compra for em outra moeda que não o dólar então... Aí eles tem que realizar 2 conversões. Primeiro da moeda que você comprou para o dólar e então do  dólar para o real. Algumas inclusive cobram uma taxa por esta conversão.
Agora se você precisar sacar dinheiro utilizando seu cartão de crédito, além de tudo que falei acima ainda tem a taxa de saque, geralmente de US$ 2,50.
Deu pra ver que não é tão simples assim pôr todas as suas despesas no cartão não é?! Mas não desanime o cartão pode lhe dar a possibilidade de parcelar algumas compras. Sem falar que hoje em dia até pedinte em semáforo aceita cartão de crédito pra receber esmola!
Quer uma vantagem melhor?! Se seu cartão tiver a opção de acúmulo de milhas, com certeza você poderá ganhar um bocado delas.
O melhor mesmo é se informar com a sua operadora de cartão sobre todas as taxas que podem incidir sobre o uso do seu cartão fora do país.
4-      Cartão de débito do seu banco – Você sabia que pode sacar direto da sua conta corrente na moeda do país em que estiver ou pagar sua compra com débito em conta?! Nem eu sabia até pouco tempo. Mas é preciso que entre em contato com o seu gerente para saber se é possível fazer isso com a sua conta, além de saber as taxas. Deve ainda informá-lo no período que for precisar deste serviço. Geralmente incidirá uma taxa de 2,5% sobre o valor da compra no débito. Se for sacar, além dos 2,5% ainda haverá uma taxa de US$ 2,50. É importante ainda saber qual o valor do dólar utilizado para a conversão e lembrar que, se a compra for feita em outra moeda, haverá a dupla conversão.
5-      Cartão pré-pago – Modalidade crescente, os cartões pré-pagos ou “Travel Money” revelaram-se uma das melhores modalidades, tendo em vista a sua praticidade, segurança e possibilidade de controle dos gastos. Você deve “carregá-lo” com a quantia que desejar e poderá utilizá-lo como um cartão de débito comum. Inicialmente a iniciativa foi da VISA, mas hoje outras bandeiras já disponibilizam os seus também. A sua cotação é um pouco mais barata que a compra direta da moeda na casa de câmbio e também sofre a incidência dos 0,38% de IOF, mas só na hora da compra. Não há taxas para o seu uso, exceto se for fazer algum saque nos caixas automáticos, pois aí terá de pagar US$ 2,50 por saque.
Sua segurança está no fato de poder ser cancelado a qualquer momento em caso de perda ou roubo. Além disso eles garantem que repõem o cartão em qualquer lugar do mundo em até 48 horas.
Praticamente todas já oferecem sites e até mesmo aplicativos para smartphones que ajudam no controle dos gastos e permitem a notificação em caso de roubo ou perda, assim como a solicitação de um novo cartão e alteração de dados cadastrais.
Se seu saldo acabou, não tem problema. É só entrar em contato com a agência que fez o cartão e  solicitar uma recarga. Para isso você terá de transferir o valor para a conta da agência e em 24 horas a carga será creditada.
Agora se sobrou dinheiro e você quiser se desfazer dele a agência também compra o crédito, mas aí você vai perder dinheiro, pois eles provavelmente pagarão menos do que você comprou.
Atualmente os cartões são vendidos para cargas em dólar, euro ou libra, mas me parece que já existem alguns que podem ser carregados nas três moedas.
Mais uma vez a desvantagem é a conversão de outras moedas que não a do cartão. Elas utilizam cotações não padronizadas e alguns inclusive cobram taxas para essa operação.
Outra coisa a ficar atento é que, se o cartão ficar inativo por mais de 6 meses, poderão haver taxações sobre o saldo remanescente. Mas não há cobrança de anuidades.

Então qual a forma que devo preferir para levar o dinheiro para a viagem?!

Aí vem a resposta que você não queria ouvir:

Todas elas!

Tá bom. Todas não, mas dinheiro, cartão de crédito e cartão pré-pago são fundamentais.

O dinheiro é fundamental para as primeiras despesas, como transporte, e para as pequenas coisas do dia a dia, como supermercado, lanches... Você deve sempre evitar trocar tudo nas casas de câmbio do aeroporto, pois a cotação tende a ser a pior de todas. O ideal é procurar o local onde haja a maior concentração de opções, pois a concorrência faz baixar o preço. Agora se alguém lhe chamar para um canto escuro e pra pagar o que ninguém mais ofereceu, desconfie e deixe-o falando sozinho. Uma outra importância do dinheiro (mas o traveller check pode se encaixar aqui) é levar um fundo de reserva, que deverá ficar sempre no cofre do hotel, para o caso de emergências e imprevistos, como ser assaltado, pois você precisará esperar que o seu novo cartão chegue e não vai ficar sem dinheiro até lá, não é?!

O cartão de crédito deveria ser evitado, mas existem despesas que não há como evitar, pois são a melhor opção. Entre estas estão o pagamento dos hotéis e do aluguel de carros. Por quê?! Quando você faz o check in no hotel e eles pede o seu cartão, geralmente é feito o bloqueio do seu limite em um determinado valor (na maioria das vezes o valor de 1 diária), que só é liberado alguns dias após o check out. Sendo assim, se você utilizar o cartão pré-pago, terá uma boa quantia do seu saldo bloqueado por um bom tempo. No caso do aluguel de carro a cobrança posterior de multas ou pedágios, também faz do cartão de crédito a sua única opção. Por isso o cartão de crédito acaba sendo necessário. Mas se você não quiser ficar com uma dívida muito grande, a opção é ir com tudo já pago.

O cartão de débito ou o pré-pago devem ser utilizados para as demais despesas, como compras, contas de restaurantes, passeios...

Outra dica básica é não sair com tudo na carteira de uma vez só. Óbvio?! Nem tanto meu caro. Já vi pessoas que passaram o maior perrengue por terem perdido a carteira com tudo dentro. Se você tem mais de 1 cartão de crédito, deixe sempre um deles no cofre do hotel, assim como a maior parte do seu dinheiro e fundo de reserva.

Resumindo: Diversificar é a palavra. Aumenta a segurança e impede que você fique desprevenido caso ocorra algum problema.

Mas qual deles eu devo utilizar mais?!

Essa também não é uma resposta fácil. Vai depender muito do valor do câmbio que o seu banco ou operadora praticar. Mas vamos ver uma tabela compartiva das diversas formas com as suas taxas.

Forma de pagamento
IOF
Taxas
Dinheiro
0,38%
Não há
Compra com cartão de crédito
6,38%
Não há
Saque com cartão de crédito
6,38%
US$ 2,50
Compra com cartão de débito
0,38%
2,5%
Saque com cartão de débito
0,38%
US$ 2,50 + 2,5%
Traveller check
0,38%
Não há
Compra com cartão de débito
0,38%
Não há
Saque com cartão de débito
0,38%
US$ 2,50


Sendo assim, você percebeu que, tirando o cartão de crédito, todas são mais ou menos equivalentes. Tudo vai depender do valor da cotação que cada um estiver utilizando na hora da compra. Geralmente a cotação mais desfavorável é a praticada pelas casas de câmbio, cartões de crédito e pré-pagos que usam valores mais próximos do dólar turismo. Já os cartões de débito dos bancos usam valores mais próximos ao oficial, o que pode contrabalançar a taxa de 2,5% cobrada.

Lembrando que se você estiver em algum país onde a moeda corrente não seja o dólar, sua compra será transformada primeiramente em dólar, para somente depois ser convertida a real. Excessão somente para os casos de cartões pré-pagos em euro ou libra, mas aí tudo que não for em euro ou libra também será convertido primeiramente a essas moedas e depois para o real.

Resumindo tudo: Nunca vai ser uma resposta fácil lhe dizer qual a melhor forma de levar dinheiro para sua viagem. Procure diversificar. Mas se eu pudesse lhe dar somente um conselho, diria que o mais importante é o planejamento financeiro. Se você planejou bem, o que menos vai faltar é dinheiro.

Acho que é isso!

Nos próximos vamos ver alguns outros aspectos interessante do nosso planejamento de viagem, como locomoção, comunicação, o que fazer, compras....