Se você gosta de viajar como eu gosto,
então a primeira coisa a fazer é se planejar.
Se você é rico, então pare de ler agora
para não se chocar com essas frivolidades dos pobres mortais.
Agora se você é classe “merdia” como eu,
economia é a palavra de ordem nesse momento.
Seja disciplinado e abra uma conta ou um
investimento onde mensalmente possa colocar um pouco das suas economias
destinadas a viagens.
As vantagens desse tipo de rotina são
muitas, mas a principal talvez seja o fato de não fazer dívidas sem ter como
pagá-las. Ainda tem o fato de que, tendo o dinheiro em mãos, é possível
negociar tarifas diferenciadas, descontos e outras vantagens que só o pagamento
à vista podem trazer.
O fato de viajar sem preocupações já
deveria ser argumento suficiente para você fazer o que estou lhe dizendo.
Eu sei que é extremamente difícil
economizar alguma coisa hoje, mas se você não se disciplinar e começar a
fazê-lo, jamais conseguirá.
Não estou pedindo para você economizar
R$ 1.000 todo o mês. Que sejam R$ 100 apenas! O importante é começar. Quando
chegar a hora da viagem desejada você verá a diferença que esse dinheirinho
guardado pode fazer.
Agora se você economizou seu dinheirinho
suado e não conseguiu nenhuma vantagem para pagar à vista, divida no máximo de
vezes que lhe for permitido. Afinal o seu dinheiro já estará todo reservado e
pode render uns juros durante os meses em que estará pagando as prestações.
Não sou nenhum economista. Pelo
contrário, minha especialidade é queimar dinheiro. Mas o ideal é que você
procure aplicar esse dinheiro em um um tipo de investimento que lhe dê retorno
diário, ou no mínimo mensal, e que tenha uma boa liquidez, ou seja possa ser
sacado assim que você precise dele. Se você tem perfil arrojado e manja do
negócio, apesar da bolsa de valores estar meio instável, aplicar em ações ou
fundo de ações é a melhor opção. Mas se você não tem a manha ou quer segurança
prefira o CDB, fundos de renda fixa ou a boa e velha poupança. Uma boa pesquisa
e uma dose de coragem podem fazer o seu dinheirinho se multiplicar e tornar sua
viagem bem melhor.
Atrelar a sua viagem ao seu momento
orçamentário tembém faz parte do planejamento financeiro. Não adianta você
querer ir ao Tahiti se só tem grana pra ir pra casa de sua vó no interior!
Adeque seu destino e opções de hospedagem/passeio de forma que não faça dívidas
que não possa pagar. O ideal mesmo é até deixar uma sobra para as dívidas
pós-viagem ou já para começar a planejar a próxima.
Ainda como parte do planejamento
financeiro é importante que você sempre esteja comprando dólares ou euros, seja
em espécie ou como carga em um cartão pré-pago (vamos ver o que é isso mais a
frente). Nestas épocas de muita oscilação, isso é ainda mais importante. Se
você acha que a cotação está muito ruim, não compre todo o valor de uma vez,
mas não deixe para a última hora, pois o valor poderá estar pior ainda e o seu
prejuízo ser muito maior. Até 1 ano atrás eu ainda tinha dólares guardados que
havia comprado com a cotação de R$ 1,56! Isso é para você ter uma idéia do
quanto é importante ir comprando e guardando.
Pronto. Já pagou a viagem toda e sobrou
um dinheirinho para esbanjar?! Falta adquirir a moeda do destino da viagem.
Incialmente vamos ver as formas que
temos disponíveis para fazer isso hoje em dia.
1-
Dinheiro em espécie – Como o nome diz, é comprar a
moeda antes de ir ou já no destino em alguma casa de câmbio. Essa talvez seja a
pior forma de negócio, pois está sujeita a muita flutuação e cobrança do maior
ágio. Isso sem falar que, muito dificilmente, você consegue adquirir outras
moedas no brasil que não o dólar, euro ou libra. Sendo assim você terá de fazer
uma dupla conversão, o que vai trazer ainda maiores prejuízos.
Alguns países exigem uma comprovação de que você terá
condições de se manter no destino pelo tempo que pleiteou a entrada. Os cartões
podem ajudar, mas muitas vezes a presença do dinheiro é o mais valorizado,
portanto verifique se esse é o caso do seu destino e não deixe de andar sem uma
quantia mínima de dinheiro em espécie.
2-
Traveller Checks – Forma que vem caindo progressivamente
em desuso, mas uma das mais seguras ainda disponíveis. São simplismente cheques
de viagem que podem ser utilizados diretamente como forma de pagamento (em
hotéis, por exemplo) ou trocados por dinheiro. São seguros pois permitem a
possibilidade de reembolso em caso de perda ou roubo, mas para isso é preciso
que você tenha a numeração de cada um deles. Também tem a vantagem de poderem
ser trocados sem cobrança de taxas adcionais, mas não é todo o lugar que faz
essa troca, geralmente tem de ser feita na mesma instituição ou afiliadas. Sem
prazo de validade, podem ser guardados e utilizados quando você quiser.
3-
Compras ou saques com cartão de crédito – Antes de tudo
é preciso que ele seja internacional (tem algum que ainda não é?!) e que você
tenha informado ao emissor do cartão sobre a sua viagem, caso contrário ou ele
não funcionará ou será bloqueado na primeira compra. Então não esqueça de ligar
ou preencher formulários online informando sobre a sua viagem.
Forma extremamente simples de carregar um alto poder de
compra (dependendo do seu limite, é claro!), o cartão esconde algumas
armadilhas. A primeira é que não existe uma cotação padronizada. Cada operador
utliza uma cotação diferente entre os valores do dólar comercial e turismo, tornando
difícil de prever assim o valor final da sua compra. Isso sem falar que a
cotação utilizada para a conversão final não será nem a do dia da compra, nem a
do dia do fechamento da fatura. O valor final será o da cotação no dia em que
você pagar a mesma. Sendo assim, se no dia do pagamento o dólar estiver mais
barato do que no dia do fechamento da fatura, você receberá o crédito na fatura
seguinte. Agora se o contrário acontecer, pode se preparar para pagar uma
diferença na próxima fatura.
Cada compra que fizer ainda será acrescida da cobrança de 6,38%
referente ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Então se fizer uma
compra de US$ 100, pagará US$ 106,38 ao final.
Se a compra for em outra moeda que não o dólar então... Aí
eles tem que realizar 2 conversões. Primeiro da moeda que você comprou para o
dólar e então do dólar para o real.
Algumas inclusive cobram uma taxa por esta conversão.
Agora se você precisar sacar dinheiro utilizando seu cartão
de crédito, além de tudo que falei acima ainda tem a taxa de saque, geralmente
de US$ 2,50.
Deu pra ver que não é tão simples assim pôr todas as suas
despesas no cartão não é?! Mas não desanime o cartão pode lhe dar a
possibilidade de parcelar algumas compras. Sem falar que hoje em dia até
pedinte em semáforo aceita cartão de crédito pra receber esmola!
Quer uma vantagem melhor?! Se seu cartão tiver a opção de
acúmulo de milhas, com certeza você poderá ganhar um bocado delas.
O melhor mesmo é se informar com a sua operadora de cartão
sobre todas as taxas que podem incidir sobre o uso do seu cartão fora do país.
4-
Cartão de débito do seu banco – Você sabia que pode
sacar direto da sua conta corrente na moeda do país em que estiver ou pagar sua
compra com débito em conta?! Nem eu sabia até pouco tempo. Mas é preciso que
entre em contato com o seu gerente para saber se é possível fazer isso com a
sua conta, além de saber as taxas. Deve ainda informá-lo no período que for
precisar deste serviço. Geralmente incidirá uma taxa de 2,5% sobre o valor da
compra no débito. Se for sacar, além dos 2,5% ainda haverá uma taxa de US$
2,50. É importante ainda saber qual o valor do dólar utilizado para a conversão
e lembrar que, se a compra for feita em outra moeda, haverá a dupla conversão.
5-
Cartão pré-pago – Modalidade crescente, os cartões
pré-pagos ou “Travel Money” revelaram-se uma das melhores modalidades, tendo em
vista a sua praticidade, segurança e possibilidade de controle dos gastos. Você
deve “carregá-lo” com a quantia que desejar e poderá utilizá-lo como um cartão
de débito comum. Inicialmente a iniciativa foi da VISA, mas hoje outras
bandeiras já disponibilizam os seus também. A sua cotação é um pouco mais
barata que a compra direta da moeda na casa de câmbio e também sofre a
incidência dos 0,38% de IOF, mas só na hora da compra. Não há taxas para o seu
uso, exceto se for fazer algum saque nos caixas automáticos, pois aí terá de
pagar US$ 2,50 por saque.
Sua segurança está no fato de poder ser cancelado a qualquer
momento em caso de perda ou roubo. Além disso eles garantem que repõem o cartão
em qualquer lugar do mundo em até 48 horas.
Praticamente todas já oferecem sites e até mesmo aplicativos
para smartphones que ajudam no controle dos gastos e permitem a notificação em
caso de roubo ou perda, assim como a solicitação de um novo cartão e alteração
de dados cadastrais.
Se seu saldo acabou, não tem problema. É só entrar em
contato com a agência que fez o cartão e
solicitar uma recarga. Para isso você terá de transferir o valor para a
conta da agência e em 24 horas a carga será creditada.
Agora se sobrou dinheiro e você quiser se desfazer dele a
agência também compra o crédito, mas aí você vai perder dinheiro, pois eles
provavelmente pagarão menos do que você comprou.
Atualmente os cartões são vendidos para cargas em dólar,
euro ou libra, mas me parece que já existem alguns que podem ser carregados nas
três moedas.
Mais uma vez a desvantagem é a conversão de outras moedas
que não a do cartão. Elas utilizam cotações não padronizadas e alguns inclusive
cobram taxas para essa operação.
Outra coisa a ficar atento é que, se o cartão ficar inativo
por mais de 6 meses, poderão haver taxações sobre o saldo remanescente. Mas não
há cobrança de anuidades.
Então qual a forma que devo preferir
para levar o dinheiro para a viagem?!
Aí vem a resposta que você não queria
ouvir:
Todas elas!
Tá bom. Todas não, mas dinheiro, cartão
de crédito e cartão pré-pago são fundamentais.
O dinheiro é fundamental para as
primeiras despesas, como transporte, e para as pequenas coisas do dia a dia,
como supermercado, lanches... Você deve sempre evitar trocar tudo nas casas de
câmbio do aeroporto, pois a cotação tende a ser a pior de todas. O ideal é
procurar o local onde haja a maior concentração de opções, pois a concorrência
faz baixar o preço. Agora se alguém lhe chamar para um canto escuro e pra pagar
o que ninguém mais ofereceu, desconfie e deixe-o falando sozinho. Uma outra
importância do dinheiro (mas o traveller check pode se encaixar aqui) é levar
um fundo de reserva, que deverá ficar sempre no cofre do hotel, para o caso de
emergências e imprevistos, como ser assaltado, pois você precisará esperar que
o seu novo cartão chegue e não vai ficar sem dinheiro até lá, não é?!
O cartão de crédito deveria ser evitado,
mas existem despesas que não há como evitar, pois são a melhor opção. Entre
estas estão o pagamento dos hotéis e do aluguel de carros. Por quê?! Quando
você faz o check in no hotel e eles pede o seu cartão, geralmente é feito o
bloqueio do seu limite em um determinado valor (na maioria das vezes o valor de
1 diária), que só é liberado alguns dias após o check out. Sendo assim, se você
utilizar o cartão pré-pago, terá uma boa quantia do seu saldo bloqueado por um
bom tempo. No caso do aluguel de carro a cobrança posterior de multas ou
pedágios, também faz do cartão de crédito a sua única opção. Por isso o cartão
de crédito acaba sendo necessário. Mas se você não quiser ficar com uma dívida
muito grande, a opção é ir com tudo já pago.
O cartão de débito ou o pré-pago devem
ser utilizados para as demais despesas, como compras, contas de restaurantes,
passeios...
Outra dica básica é não sair com tudo na
carteira de uma vez só. Óbvio?! Nem tanto meu caro. Já vi pessoas que passaram
o maior perrengue por terem perdido a carteira com tudo dentro. Se você tem
mais de 1 cartão de crédito, deixe sempre um deles no cofre do hotel, assim
como a maior parte do seu dinheiro e fundo de reserva.
Resumindo: Diversificar é a palavra.
Aumenta a segurança e impede que você fique desprevenido caso ocorra algum
problema.
Mas qual deles eu devo utilizar mais?!
Essa também não é uma resposta fácil.
Vai depender muito do valor do câmbio que o seu banco ou operadora praticar.
Mas vamos ver uma tabela compartiva das diversas formas com as suas taxas.
Forma de
pagamento
|
IOF
|
Taxas
|
Dinheiro
|
0,38%
|
Não há
|
Compra com cartão de
crédito
|
6,38%
|
Não há
|
Saque com cartão de
crédito
|
6,38%
|
US$ 2,50
|
Compra com cartão de
débito
|
0,38%
|
2,5%
|
Saque com cartão de
débito
|
0,38%
|
US$ 2,50 + 2,5%
|
Traveller check
|
0,38%
|
Não há
|
Compra com cartão de
débito
|
0,38%
|
Não há
|
Saque com cartão de
débito
|
0,38%
|
US$ 2,50
|
Sendo assim, você percebeu que, tirando
o cartão de crédito, todas são mais ou menos equivalentes. Tudo vai depender do
valor da cotação que cada um estiver utilizando na hora da compra. Geralmente a
cotação mais desfavorável é a praticada pelas casas de câmbio, cartões de
crédito e pré-pagos que usam valores mais próximos do dólar turismo. Já os
cartões de débito dos bancos usam valores mais próximos ao oficial, o que pode
contrabalançar a taxa de 2,5% cobrada.
Lembrando que se você estiver em algum
país onde a moeda corrente não seja o dólar, sua compra será transformada
primeiramente em dólar, para somente depois ser convertida a real. Excessão
somente para os casos de cartões pré-pagos em euro ou libra, mas aí tudo que
não for em euro ou libra também será convertido primeiramente a essas moedas e
depois para o real.
Resumindo tudo: Nunca vai ser uma
resposta fácil lhe dizer qual a melhor forma de levar dinheiro para sua viagem.
Procure diversificar. Mas se eu pudesse lhe dar somente um conselho, diria que
o mais importante é o planejamento financeiro. Se você planejou bem, o que
menos vai faltar é dinheiro.
Acho que é isso!
Nos próximos vamos ver alguns outros
aspectos interessante do nosso planejamento de viagem, como locomoção,
comunicação, o que fazer, compras....